A Universidade no Mundo

A maior parte das fases, práticas e rotinas da vida acadêmica inerentes à formação e a atuação profissional de intelectuais são globais, mas não são internacionais. Em outras palavras, em qualquer lugar do mundo, quase todo/a estudante que queira construir trajetórias científicas necessita aprender uma série de práticas, tarefas e comportamentos que são inerentes à vida intelectual. Como produzir um currículo, como dar aula e as demais rotinas da docência, a forma de escrever artigos, como preparar projetos, como redigir uma carta de apresentação (ou de recomendação), como apresentar trabalhos em congressos, como se comportar em um congresso, as tarefas e rotinas da administração universitária etc. Entretanto, o fato de serem práticas globais, não faz deles, internacionais. Isso porque, preparar um currículo, redigir um artigo ou projeto, lecionar e etc, estão profundamente marcados em culturas cientificas nacionais. Assim, um excelente currículo de um/a intelectual brasileiro/a pode não parecer tão impressionante nos Estados Unidos, na Tanzânia ou em Cingapura. Da mesma forma, publicar em periódicos internacionais implica atender a uma série de regras linguísticas, de estilo, de citação e de procedimentos próprios dessas revistas e de suas comunidades científicas.

Internacionalizar não é sinônimo de americanizar ou europeizar a formação e a prática científica, em detrimento da tradição brasileira, mas de apresentar diferentes culturas científicas e oferecer ferramentas que lhes permitam integrar-se de no circuito acadêmico internacional de maneira crítica. Uma questão a enfrentar refere às expectativas de jovens pesquisadores egressos especialmente do Sul Global. Como posicionar-se enquanto pesquisador brasileiro num ambiente ao mesmo tempo atravessado por modelos hegemônicos de globalização e afeito a certas noções de diversidade? Reconhecendo essa dimensão, desenvolvemos algumas iniciativas para apresentar agendas da cooperação internacional promovidas no Brasil e em outras instituições, além de vídeos e podcasts debatendo com especialistas nacionais e internacionais sobre questões chave a esse respeito.