Do “imanentismo radical” ao “ato da leitura”: um percurso das análises literárias no século XX

Prof. Henrique Buarque de Gusmão

 Desde o início do século XX, diversas foram as tentativas de constituição de um campo de estudos próprio às análises formais de obras literárias de ficção. O movimento do “Opojaz” (na Rússia das primeiras décadas do século) e o estruturalismo linguístico (com destaque para os debates de estudiosos que atuavam na França entre os anos 60 e 70) representam momentos significativos desta busca por uma abordagem funcional da linguagem e da narrativa. Diversas também foram as reações ao caráter puramente “internalista” das proposições destas tendências, como a emergência de uma sociologia da cultura e de novas perspectivas historicistas. No interior deste movimento de críticas às perspectivas imanentistas, podemos identificar um procedimento comum a várias destas tendências: a inclusão do leitor como elemento constituinte da análise literária. Por diferentes caminhos, esta atenção dada à leitura representa uma possibilidade de análise de obras ficcionais que coloca em questão a historicidade destas e que dá atenção aos ambientes sociais de produção, consumo e circulação dos textos. Esta disciplina tem como um primeiro objetivo, então, debater diferentes perspectivas narratológicas, levando em conta a trajetória histórica de movimentos ligados a esta tendência analítica e algumas das ferramentas da “gramática da narrativa” que ainda podem contribuir com historiadores interessados nos estudos de textos ficcionais dos séculos XIX e XX. Num segundo momento, o curso propõe o estudo de reações ao a-historicismo radical destes movimentos, dando destaque para o papel da leitura na constituição das análises literárias.

Programa completo, com bibliografia.