Prof. Diogo Cabral
Terça-Feira, 14:00 às 17:00
Ementa
O objetivo do curso é apresentar a Geografia como um meio de problematizar os mundos históricos. Para isso, discutiremos a perspectiva espacial como provocação e instrumento do pensamento, e como ela pode ajudar os historiadores a descobrir aspectos insuspeitos de seus objetos de pesquisa. A partir da ideia geral da espacialização como forma de imaginar a coexistência e solidariedade dos fenômenos humanos (e mais-do-que-humanos), passaremos à discussão de pontos de vista conceituais mais restritos, a saber, o binômio espaço/lugar, a paisagem, o ambiente e o território, cada um deles ressaltando aspectos particulares da geograficidade das sociedades. Por fim, aplicaremos essas ferramentas para analisar alguns temas caros aos historiadores, como a ideologia, a escravidão e a leitura, dentre outros. Ao fim do curso, será requisitado que os alunos escrevam um pequeno ensaio (10 páginas) explorando um ou mais aspectos espaciais de seus objetos de pesquisa.
Sessão 1 – Apresentação do curso
Parte I – A Geografia como forma de pensar
Sessão 2 – O raciocínio geográfico, parte 1
Gomes, Paulo Cesar C. Quadros Geográficos: uma Forma de Ver, uma Forma de Pensar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.
Sessão 3 – O raciocínio geográfico, parte 2
Lacoste, Yves. A Geografia – Isso Serve em Primeiro Lugar para Fazer a Guerra, 14a ed. Trad. M.C. França. Campinas: Papirus, 1988, p. 21-94.
Berry, Brian. “Approaches to regional analysis – a synthesis”, Annals of the Association of American Geographers 54(1), 1964, p. 2-11.
Parte II – Conceitos geográficos
Sessão 4 – Espaço e lugar/região, parte 1
Sack, Robert D. “The power of place and space”. Geographical Review 83(3), 1993, p. 326-29.
______. “The geographic problematic: empirical issues”. Norsk Geografisk Tidsskrift 55, 2001, p. 107-116.
Sessão 5 – Espaço e lugar/região, parte 2
Tuan, Yi-Fu. Espaço e Lugar: a Perspectiva da Experiência. São Paulo: Difel, 1983.
Sessão 6 – Paisagem
Claval, Paul. “A paisagem dos geógrafos”. In: Corrêa, Roberto Lobato; Rosendahl, Zeny (orgs.). Paisagens, Textos e Identidade. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2004. p. 13-74.
Cosgrove, D. “A geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas”. In: R.L. Corrêa; Z. Rosendahl (Org), Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998, pp. 92-123.
Sessão 7 – Ambiente
Vidal de la Blache, P. Principles of Human Geography. Trans. M.T Bingham. London: Constable Publ., 1926, p. 3-24; 163-87.
Sessão 8 – Território
Souza, Marcelo L. “O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento”. In: Castro, I.; Gomes, Paulo Cesar; Corrêa, Roberto (Org), Geografia: Conceitos e Temas, 2a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 77-116.
_____. “Território e (des)territorialização”. In: Os Conceitos Fundamentais da Pesquisa Sócio-Espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013, p. 77-110.
Parte III – Geografia de alguns problemas históricos
Sessão 9 – História local
Prado Jr., Caio. “O fator geográfico na formação e no desenvolvimento da cidade de São Paulo”. In: Evolução Política do Brasil e Outros Estudos. São Paulo: Cia. das Letras, 2012, p. 101-21.
Bernardes, Lysia. “Importância da posição como fator do desenvolvimento do Rio de Janeiro”. In: Bernardes, L.; Soares, Maria Therezinha, Rio de Janeiro – Cidade e Região. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1990, p. 21-36.
Sessão 10 – Escravidão
Frank, Zephyr; Berry, Whitney. “The slave market in Rio de Janeiro circa 1869: context, movement, and social experience”. Journal of Latin American Studies 9(3), 2010, p. 85-110.
Santos, Marcos Aurélio. Geografia da Escravidão na Crise do Império: Bananal, 1850-1888. Tese de doutoramento. São Paulo: Programa de Pós-Graduação em História Social/USP, 2014.
Sessão 11 – Livros e leitura
Heffernan, Michael J. “Rogues, rascals and rude books: policing the popular book trade in early-nineteenth-century France”. Journal of Historical Geography 16(1), 1990, p. 90-107.
Sessão 12 – Colonialismo
Hunter R.; Sluyter, A. “How incipient colonies create territory: the textual surveys of New Spain, 1520s-1620s”. Journal of Historical Geography 37, 2011, p. 288-99.
Barleta, Leonardo. “Sertão repartido: sesmarias e a formação do espaço colonial (Curitiba, séculos XVII e XVIII)”. In: Valencia, Carlos; Gil, Tiago (Org), O Retorno dos Mapas: Sistemas de Informação Geográfica em História. Porto Alegre: Ladeira Livros, 2016, p. 69-112.
Sessão 13 – Estado
Scott, James C. “State space: zones of governance and appropriation”. In: The Art of Not Being Governed: An Anarchist History of Upland Southeast Asia. New Haven & London: Yale University Press, 2009, p. 40-62.
Sessão 14 – Indivíduo e biografia
Elsky, Martin. “Microhistory and cultural geography: Ben Jonson’s ‘To Sir Robert Wroth’ and the absorption of local community in the Commonwealth”. Renaissance Quarterly 53(2), 2000, p. 500-28.
Sessão 15 – Ideologia
Denecke, Dietrich. “Ideology in the planned order upon the land: the example of Germany”. In: Baker, Alan; Biger, Gideon (eds), Ideology and Landscape in Historical Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, p. 303-29.
Sessão 16 – Modernidade
Harvey, David. Paris, Capital of Modernity. New York and London: Routledge, 2003, p. 88-112.