Durante muito tempo a ênfase em conceitos estruturais como o de classe social fez com que o investigador ignorasse os sujeitos que viviam tais conceitos. Um dos resultados deste procedimento foi à realização de investigações com pouca atenção para as estratégias e incertezas daqueles sujeitos. Da mesma forma, se esqueceu que os segmentos sociais em ação tendem a inovar e, por conseguinte, a mudarem seus perfis. Foi em meio a estas inquietações que surgiu a abordagem microanalítica italiana.
Contudo, se estas observações procedem, também é verdade que a compreensão de uma comunidade não se esgota em si mesma (ou seja, na análise de suas relações interpessoais). Para se entender uma comunidade é necessário ultrapassa-la, realizando investigações das suas relações com a sociedade mais ampla.
Estas ideias e inquietações foram desenvolvidas pelos historiadores da microstoria na década de 1970, especialmente por E. Grendi. O presente curso pretende discutir tais pontos e, principalmente, a sua aplicação na pesquisa em história econômica das sociedades pré-industriais (métodos, técnicas e fontes).
O curso também pretende refletir sobre a aplicação de técnicas seriais (História serial francesa) e de procedimentos da micro-historia na História Social da América Lusa dos séculos XVII e XVIII, tendo isto por base os arquivos paroquiais.
Bibliografia sujeita a modificações:
1- Lepetit, Bernard “La sociétécommeuntout :surtrois formes d’analyse de latotalitésociale”, in: LesCahiersdu Centre deRecherchesHistoriques, 22 (1999); ROSENTHAL, Paul-André, “Construir o macro pelo micro: Fredrik Barth e a microstoria”. in: Revel, Jacques. Jogos de Escala, Rio de Janeiro, FGV, 1998.
2- GRENDI, Edoardo, Microanalise e História Social, In: OLIVEIRA, Mônica Ribeiro & ALMEIDA, Carla Maria Carvalho. Exercícios de micro-história. Rio de Janeiro: ed. FGV, 2009; Ginzburg, C., O Queijo e os Vermes, São Paulo: Cia das Letras, 1987.
3- Ginzburg, C., O Queijo e os Vermes, São Paulo: Cia das Letras, 1987.
4- Levi, Giovanni. Centro e Periferia diunoStatoAssoluto. Turin: Rosemberg& Seller, 1985.
5- Cerutti, S. « Microhistory: Social Relations versus Cultural Models ? », in : Castrén, A. M., Lonkila, et Peltonen, M (dir.), Between Sociology and History. Essays on Microhistory, Collective Action, and Nation-Building, S.K.S., Helsinki, 2004.
6 e 7- Barth, Fredrik.O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro, Contra-Capa, 2000.(capítulos 1 e 6)
8,9 e 10- Barth, Fredrik.Process and form in social life. vol. 1, London: Routlegde&Kegan Paul, 1981.
11, 12 e 13- Grendi, E. Il Cervo e larepubblica. Il modelloligurediantico regime. Milão: Enaudi, 1992.
14- Dupâquier, Jacques, “Demografia Histórica e História Social”, in: Marcílio, População e Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1984. Fragoso, João, “Apontamentos para uma metodologia em História Social a partir de assentos paroquiais – Rio de Janeiro, séculos XVII e XVIII”, IH – UFRJ (texto inédito)