Pós-Emancipação em Perspectiva Comparada: Cidadania, Trabalho e Raça nos Estados Unidos, Caribe e Brasil

Ementa:
A emancipação dos escravos nas Américas ao longo do séc. XIX trouxe complexos desafios para a reconstrução de várias sociedades pós-escravistas. Não foi um processo histórico desconectado ou tão somente articulado com narrativas de determinadas nações , como algumas perspectivas historiográficas salientam. O ambiente das ideias suas conexões entre expectativas, desejos, medos) ser á também objeto de nossas análises.
Pensar tal processo histórico numa perspectiva comparada –Brasil, Caribe e Estados Unidos — é a principal proposta deste curso. Como os sentidos e significados de trabalho, família, prosperidade e cidadania se intercruzavam com as ideias de raça e as operações das políticas públicas de ordem, poder e disciplina? Como nações e espaços pós-coloniais foram reinventados na ambiência e período do pós-emancipação?

Dentre os desafios sublinhamos a regulamentação do trabalho, os limites à autonomia das formas camponesas, a acomodação de conflitos políticos e sociais, a extensão da cidadania, a moralização dos costumes e os embates que adquirem não raro a forma de enfrentamentos raciais com impactos sobre os sentidos de cidadania, trabalho e liberdade . Avaliamos inicialmente como uma dada historiografia clássica do pós-abolição – especialmente no Brasil — se constituiu orientada pelo legado do fenômeno da escravidão, não raro com forte víeis moral.

Esse é o caso de alguns importantes estudos clássicos que pioneiramente enfrentaram o contexto do pós-emancipação tentando responder às questões referidas à escravidão. Mesmo com o incremento de importantes pesquisas, há ainda questões abertas quanto à definição de campos de estudos sobre o pós-emancipação no Brasil em termos de temporalidade, espaço, epistemologia e recorte historiográfico transversal. Um desafio possível seria analisar em que medida uma dada historiografia sobre o pós- emancipação é capaz de promover uma reflexão mais autônoma cuja ênfase encontre-se mais nas questões dirigidas às fontes do que em um diálogo direto e obsessivo com a escravidão.

Como definir a temporalidade do pós-emancipação no Brasil e em outros lugares das Américas? De que modo tanto os estudos clássicos quanto os atuais sobre Brasil, Caribe e EUA nos garante a possibilidade de explorar temas, usos de fontes e horizontes teóricos afins? O que há de comum ou de particular, especifico na comparação desses casos? Enfim, o curso propõe uma reflexão sobre o pós- emancipação, destacando questões que nos permitam analisá-lo nos seus próprios termos e, ao mesmo tempo, explorar as implicações historiográficas desse campo em perspectiva comparada.

 

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