Conflito e memória no século XX: contribuição da África, Ásia, Europa

Contato: sabcorreia@gmail.com;meihy@yahoo.com.br
Objetivos
Tendo como tema central os estudos culturais na Europa, África, América e Ásia, esta
disciplina, não obstante uma importante abordagem introdutória, procurará aplicar as
fórmulas dos estudos culturais a estudos de caso marcantes do debate pós-colonial e
memorial no âmbito dos conflitos do século XX.
O curso está tematicamente dividido em três momentos correlacionados, sendo o primeiro
dedicado a uma introdução teórica e,os dois seguintes, a estudos de caso.
No primeiro momento serão apreciados os importantes debates teóricos em torno da
história cultural e da emergência da memória no debate histórico.
Em uma segunda fase será dada especial atenção aos estudos culturais, a partir do impacto
que as reflexões contemporâneas sobre a interculturalidade apresentam ao historiador.A
partir dessas demandas, um conjunto de reflexões sobre multiculturalismo, hibridismo e
diferença orientam um deslocamento gradual da produção do conhecimento em direção a
Ásia, África e América Latina, o que apresenta ao historiador o desafio de relacionar-se com
a necessidade de rever o papel cultural e epistemológico do antigo “Terceiro Mundo” na
História Social da Cultura.
Por fim, será dada atenção à emergência da memória –coletiva, individual, social e de grupo
– como palavra-chave que proporcionaria uma mudança linguística dramática na abordagem
da historiografia no século XX. Procura-se analisar, na forma de múltiplas narrativas
materiais e imateriais, como os conflitos instituíram rupturas e/ou reforços identitários que
desembocariam num silêncio ou obsessão memorial, afetando profundamente a escrita ou a
não escrita da(s) história(s).
PROGRAMA:
PARTE I. ESTUDOS CULTURAIS: ABORDAGEM TEÓRICA
Semana I (12/08). Introdução aos estudos culturais
Burke, Peter. O que é História Cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
Hall, Stuart. “The Emergence of Cultural Studies and the Crisis of the Humanities ”.The
Humanities as Social Technology (1990): 11-23.
Complementar:
Johnson, Richard. “What Is Cultural Studies Anyway?”.Social Text 16 (Winter, 1986-1987):
38-80.

Semana II (19/08). Emergência da memória
KLEIN, Kerwin Lee. “On the emergence of memory in historical discourse”, Representations,
69 (2000): 127-50.
WINTER, Jay; SIVAN, Emmanuel, “Setting the framework”,in Winter and Sivan (eds), War
and remembrance in the twentieth-century. Cambridge: Cambridge University Press, 1999, pp. 6-39.

Complementar:
CATROGA, Fernando. Os passos do homem como restolho do tempo. Memória e fim do fim da história.
Coimbra: Almedina, 2009, pp. 9-54 (I Parte. Uma poética da ausência).
Le GOFF, Jacques. “Documento/Monumento”. In Enciclopédia Einaudi. Memória – História.,
coord. Fernando Gil,vol. IV. Lisboa: Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 1999, 95-106.
FRANK, Robert. “La mémoire et l‟histoire, Institut d‟histoiredutempsprésent” (IHTP),
[Consultado: 31/07/2013], http://www.ihtp.cnrs.fr/spip.php%3Farticle233&lang=fr.html.
Semana III (26/08). Memória coletiva vshistória cultural
CONFINO, Alon. “Collective Memory and Cultural History: Problems of Method”.
AmericanHistoricalReview102, 5 (1997): 1386-1403.
RANGER, Terence. “A invenção da tradição na África colonial”, in A invenção das tradições.
São Paulo: Paz e Terra, 1997, pp. 219-270.
Complementar:
HALBWACHS, Maurice. Memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990, pp. 53-89.
Semana IV (02/09). Nações imaginadas
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. SP: Companhia das Letras, 2008, pp. 26-70.
CHATERJEE, Partha: “Comunidade imaginada por quem?”, in Um mapa da questão
nacional:Rio de Janeiro: Contraponto, 1993,pp. 227-238.
BALAKRISHNAN, Gopal: “A imaginação nacional”, in Um mapa da questão nacional: Rio de
Janeiro: Contraponto, 1993, pp. 209-226.
Complementar:
DUARA, Prasenjt: “HistoricizingNationalIdentityor Who imagines, whatandwhen”, In
EleyandSuny, Becoming National, Oxford, Oxford University Press, 1996.
KRISHNA, Sankaran: “In one Innings. National Identity in Postcolonial Times”, In:
Chowdhry, G. & Nair, S. (eds.) Power, Postcolonialism and International Relations: Reading Race,
Gender and Class, London: Routledge, 2002.
SPIVAK, G. & BUTLER, J. Who signs the Nation-State? Language, Politics,
Belonging.Seagull Books, 2011.

II PARTE – ESTUDOS CULTURAIS
Semana V (09/09). Novos conceitos a partir da experiência asiático-americana
SAID, Edward. Orientalismo: O Oriente como Invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001. 3ª reimpressão, pp. 13-119.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998, pp. A
definir.
Complementar:
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
SPIVAK, GayatriChakravorty. Pode o Subalterno Falar? Belo Horizonte: Editora UFMG,
2010.
SUBRAMANYAM, Sanjay. Modern Asian Studies, Vol. 31, No. 3, Special Issue: The
Eurasian Context of the Early Modern History of Mainland South East Asia, 1400-1800.
(Jul., 1997), pp.735-762.
Semana VI (16/09). Novos conceitos da contribuição latino-americana

MALDONADO-TORRES, Nelson. Pensamento crítico desde a subalteridade: os estudos
étnicos como ciências descoloniais ou para a transformação das humanidades e das Ciências
Sociais no século XXI. Afro-Ásia, 2006, no. 34.
CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade.
São Paulo: Edusp, 1998, pp. A definir.
Complementar:
MIGNOLO, Walter. Histórias locais/Projetos globais. Colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
QUIJANO, Anibal. “Colonialidade do poder,eurocentrismo e América Latina”,inA
colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo
Lander (org). ColecciónSurSur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.
setembro 2005.
Semana VII (23/09). A conexão descolonizadora África-Caribe
FANON, Frantz. Os condenados da Terra. Juíz de Fora. Editora Ufjf. 2010, pp. 23-74
MUDIMBE, Valentine Y. The Invention of África. Bloomington: Indiana University, 1988. A
definir
Complementar:
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997, pp.19-51.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Pref. de Mário de Andrade. 1ª ed. Lisboa: Sá da
Costa Editora, 1978.
Semana VIII (30/09) Temas pós-coloniais e questões de gênero
PRECIADO, Beatriz. Pornotopía: arquitectura y sexualidaden “Playboy” durante la Guerra
Fria. Barcelona: Anagrama, 2010, pp. 13-60 e 87-104.
ARREAZA, C., TICKNER, A. B. (2002), “Postmodernismo, postcolonialismo y feminismo:
manual para (in)expertos”, in Colombia Internacional, 54, janeiro-abril, Bogotá: Universidad de
los Andes, pp. 14-38.
Complementar:
PRECIADO, Beatriz. Testo yonqui: sexo, drogas y biopolítica. Buenos Aires: Paidós, 2014,
pp. 201-246.
ABU-LUGHOD, L. Feminismo y modernidaden Oriente Próximo. Madrid: Cátedra,
2002,pp. 13-56.

Semana IX (14/09). Temas pós-coloniais – Tradução Cultural e conexões históricas
MEIHY, Murilo Sebe bon. HabemusAfricas: Islã, Renascimento e África em João Leão Africano
(século XVI),Tese de doutorado – USP, 2013, pp. 15-33 e 70-116.
SUBRAHMANYAM, S. Connected Histories. The Eurasian Context the Early Modern History of
Mainland SouthEast Ásia, 1400-1800. Vol. 31, 3 (Jul., 1997). USA: Cambridge
UniversityPress, 1997, pp. 735-762.
Complementar:
GRUZINSKI, Serge. “Os mundos misturados da monarquia católica e outras „Connected
Histories‟”. In. Revista Topoi, UFRJ, Rio de Janeiro, mar. 2001, pp. 175-195.

III PARTE – MEMÓRIA
Semana X (21/09). Abuso e silêncio na memória

TODOROV, Tzvetan. Los Abusos de la memoria. Barcelona: Paidos, 2000, pp. 11-60
(http://cholonautas.edu.pe/memoria/Todorov.pdf).
NORA, Pierre. “Entre Memória e História: a problemática dos lugares”. ProjetoHistória 10
(1993): 7-28.
KAUFMAN, Asher. “Forgetting the Lebanon war? On silence, denial, and the selective
remembrance of the „First‟ Lebanon war”, inBen-Ze’ev, Ginio, Winter,Shadows of war: a social
history of silence in the twentieth century. New York: Cambridge University Press, 2010, pp. 197-
216.
Complementar:
CHARTIER, Roger. À beira da falésia. A história entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Ed.
Universidade/UFRGS, 2002.
Semana XI (28/09). Política da memória e lugar de memória
KOSELLECK, Reinhart. “War Memorials: Identity Formations of the Survivors”, in
Reinhart KoselleckThe Practice of Conceptual History. Stanford: Stanford University Press, 2002,
pp. 285-326.
CORREIA, Sílvia. Políticas da memória da I Guerra Mundial em Portugal, 1918-1933. Lisboa:
FCSH, 2011, pp. 327-402 (capítulo IX).
Complementar:
PROST, Antoine, “Monuments to the dead‟, in Pierre Nora (ed.), “Realms of memory:
rethinking the French”. Traditions 2 (1996): 307-32.
WINTER, Jay, “War Memorials and the mourning process in the Wake of the First World
War”, in Sites of memory, sites of mourning. Cambridge: Cambridge University Press, 1995, pp.
78-116.
Semana XII (04/011). Linguagem da memória traumática
SAVARESE, Eric.“After the Algerian war: reconstructing identity among the Pieds-noirs”.
International Social Science Journal 58 (2006): 457–466.
QUINTAIS, Luís. “Memória e trauma numa unidade psiquiátrica”. Análise Social, vol.
XXXIV (151-152), 2000, 673-684.
WINTER, Jay. “Shellshock, memory and identity”,Remembering war. New Haven & New
York: Yale University Press, 2006, pp. 52-78.
BETHLEHEM, Louise. “Now that all is said and done: Reflections on the Truth and
Reconciliation Commission in South Africa”, in Ben-Ze’ev, Ginio, Winter, Shadows of war: a
social history of silence in the twentieth century. New York: Cambridge University Press, 2010, pp.
153-172.
Complementar:
ALEXANDER, Jeffrey. “Toward a Cultural Theory of Trauma”, in The Collective Memory
Reader. New York: Oxford University Press, 2011, pp. 307-310.
JAY, Martin. “Against consolation: Walter Benjamin and the refusal to mourn”, in Winter
and Sivan (eds.), War and remembrance in the twentieth-century. Cambridge: Cambridge University
Press, 1999, pp. 221 -239.
Semana XIII (11/11). Narrativas imaginárias
SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
COLMEIRO, José. “¿Una nación de fantasmas?: apariciones, memoria histórica y olvido
enlaEspañapos-franquista”. Revista electrónica de teoría de la literatura y literatura comparada, 4

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