Histórias atlânticas: conceitos, processos e trajetórias (século XVII-XIX)

Ementa
Nesta disciplina serão tratadas as discussões sobre o conceito de história atlântica, trazendo as principais questões que envolvem o debate teórico sobre o termo e seus usos. O conceito será problematizado em face à produção historiográfica que o utiliza como instrumental, privilegiando as relações sociais e os diferentes sujeitos envolvidos nos movimentos e ideias que cruzam o espaço atlântico ao longo dos séculos XVII, XVIII e, especialmente, XIX. O enfoque sobre a historiografia privilegiará os estudos das relações entre África e Brasil, ainda que aspectos da história das Américas serão iluminados, com o objetivo de ampliar a perspectiva e permitir abordagens comparativas. O tema da escravidão negro-africana, como parte incontornável do debate, será apresentado numa perspectiva de conexão entre as margens, destacando-se histórias e personagens que permitam perceber evidências de protagonismo, resistência e afirmação em face ao conteúdo de violência e desumanização característico desse contexto histórico. Nesse sentido, serão também discutidas ao longo do curso, ainda que não como conteúdo central, questões trazidas pelos movimentos sociais e a produção intelectual negra dos séculos XX e XXI que utilizam o conceito como parte do arsenal político de seu discurso e militância.

Bibliografia básica
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ARMITAGE, DAVID. Três conceitos de História Atlântica. História UNISINOS,
n18(2), maio-agosto de 2014.
BAYLIN, Bernard. Atlantic History: Concepts and Contours. Cambridge: Harvard Press University, 2005.
FERREIRA, Roquinaldo . Biografia como história social. O clã Ferreira Gomes e os mundos da escravização no Atlântico Sul. Belo Horizonte: Varia Historia, vol. 29, núm. 51, 2013, pp. 679-695
GAMES, Alison. Atlantic History: Definitions, Challenges, and Opportunities. The American Historical Review, Vol. 111, nº. 3, jun. 2006, p. 741-757.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
LOPES, Carlos. A Pirâmide Invertida – historiografia africana feita por africanos. Actas do Colóquio Construção e Ensino da História da África. Lisboa: Linopazas, 1995, pp. 21-29.
MARQUESE, Rafael. História global da escravidão atlântica. Florianópolis: Esboços, v. 26, n. 41, p. 14-41, jan./abr., 2019.
M’BOKOLO, Elikia. África negra: história e civilizações. 2 v. Salvador/São Paulo: EdUFBA/Casa das Áfricas, 2009.
PANTOJA, Selma. As Mulheres na Formação do Mundo Atlântico e a História de Angola nos Séculos XVII-XIX. Brasília: Humanidades, v. 47, 1999, p. 32-40,.
___ .Mulheres e Mares: uma perspectiva histórica. In: Rita Chaves; Carmen
Secco; Tania Macêdo. (Org.). Brasil/África: Como se o mar fosse mentira. Luanda/São Paulo: UNESP/Chá de Caxinde, 2006, v. 01, p. 283-295.
SCHLIKMANN, Mariana. História da África e História Atlântica: contribuições e possibilidades. Revista da ABPN , v. 8, n. 19, mar. 2016 – jun. 2016, p.232-247
SOLOW, Barbara L. The Transatlantic Slave Trade: a New Census. The William and Mary Quarterly Review. Third Series, Vol. 58, nº 1, jan. 2001, p. 9-16.
REIS, João José; GOMES, Flávio; CARVALHO, Marcus. O Alufá Rufino: tráfico,
escravidão e liberdade no Atlântico Negro (1822-1853). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
RUSSELL-WOOD, A.J.R. Sulcando os mares: um historiador do império português enfrenta a “Atlantic History”. História, 2009, vol.28, no.1, p.17-70.
THORNTON, John. A África e os africanos na formação do Mundo Atlântico: 1400-1800. Rio de Janeiro: Campus, 2004
YERXA, Donald A. (Org.). Recent themes in the history of Africa and the Atlantic World: historians in conversation. Columbia: University of South Carolina Press, 2008.

plugins premium WordPress