Raça, cidadania e construção do Estado nos Estados Unidos e Brasil (1861–1870)

Vitor Izecksohn

A década de 1860 foi um momento de crise no continente americano. Duas guerras nas Américas compara a Guerra Civil Ameri­cana e a Guerra do Paraguai a partir dos problemas gerados pela expansão do recrutamento e da necessidade temporária de fortalecimento dos es­tados nacionais do Brasil e dos Esta­dos Unidos ao longo de cada um dos conflitos.

Ambos os países dispunham de forças militares modestas nos res­pectivos períodos pré-guerra. A necessidade de expansão dos aparatos militares forçou cada um dos governos a negociações difíceis com suas socie­dades, cujos resultados espelharam os problemas da construção do poder público em culturas políticas nas quais prevalecia grande resistência a servir longe das suas localidades por tempo­radas mais longas. Os dilemas desse período expõem problemas da relação Estado/indivíduo que nunca foram completamente equacionados.

Para os interessados nas interseções entre os conflitos regionais, disputas políti­co-partidárias e cidadania militar a obra oferece insights sobre como a Guerra Civil Americana ressoou entre a elite brasileira, particularmente no que diz respeito à abolição da escravidão naquela república. Ao fazê-lo, o autor aju­da à compreensão do papel crucial do partido republicano no esforço militar da União, uma ferramenta indisponível à monarquia brasileira. O livro oferece um panorama dos impasses enfrenta­dos pelos dois governos centrais, enfa­tizando as consequências que a decisão por uma vitória incondicional gerou para as vidas de seus habitantes. Final­mente, Vitor Izecksohn expõe a dificuldade para a criação de lealdades nacionais em con­textos de escassez de voluntários, quan­do as demandas nacionalizantes choca­ram-se com uma forte vinculação dos indivíduos às suas localidades.

Publicado em 21/10/2020
Alameda
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