Política, diplomacia e tipografia no século XVII

A proposta mais geral deste curso é a de promover um conjunto de reflexões sobre os usos da imprensa tipográfica na vida política do Seiscentos europeu. Em nosso percurso, concebido antes de tudo como uma amostra da variedade de gêneros literários e formas editoriais empregados nos embates e movimentos políticos e diplomáticos do período, algumas questões serão perseguidas com maior insistência: em que medida é possível inferir, a partir da análise textual e material dos impressos do século XVII, as intenções de escritores e editores, as consequências e os públicos visados, os diferentes efeitos e níveis de leitura possíveis? O que essa análise pode revelar a respeito do lugar ocupado pela produção e pela circulação dessas obras nas arenas em que atuavam seus idealizadores, seus financiadores, e também seus leitores? Em que ela contribui para o nosso conhecimento sobre as relações entre as instituições políticas da Europa moderna e as sociedades que as compreendiam, bem como sobre a evolução dos espaços e dos meios mobilizados no exercício da política? Por fim, a reconstituição dos contextos de publicação desses livros, panfletos, periódicos e cartazes, evidenciando inclusive as conexões e diálogos intertextuais, será fundamental para que se delimite com mais precisão o que estava em jogo em cada um deles, e para que se possa vislumbrar tanto as condições de sua concepção quanto suas repercussões no terreno das disputas políticas e das negociações diplomáticas em curso. Nesse sentido, o período da Restauração portuguesa (1640-1668), em suas diferentes conjunturas políticas, militares e diplomáticas, constituirá o cerne da interpretação histórica a ser realizada ao longo de nossos encontros, servindo ainda de baliza de um contexto mais amplo de turbulências e transformações da política europeia nas décadas centrais do século XVII.

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